quarta-feira, novembro 10, 2004

As primeiras letras (III) - Professores recordam

Santo André, Alentejo, Portugal, 1950. Professores Cristina e Rui Oliveira e classes.
© Lurdes Tainha Saramago


Excertos de
http://sistemas.inep.gov.br/portalprofessor/livrovisitas/tx_visitas.asp

CLAUDIO VIL: Em primeiro lugar a minha dificuldade nas aritméticas. Que coisa difícil! Coisa boa era a participação no grêmio da turma e nos esportes da escola, contribuíndo na conquista de muitas amizades. Enviada em 07/08/2004.


HAROLDO JUSTINO DE MEDEIROS: Lembro-me, como se fosse hoje, quando saí do sítio Várzea Alegre, Município de São Mamede - PB, para o meu 1º dia de aula na 5ª série do então Colégio Marcos Barbosa(1975). Era uma situação inédita, uma ansiedade incontrolável e um prazer sem limite(ainda hoje fico extremamente emocionado). Professoras como Eny Cabral são inesquecíveis e tornam essas recordações eternas em nossas memórias. (...) Enviada em 03/08/2004.

PROF.NILTON: Haveria paz na terra e não seria a vida inquieta se a criança em vez de guerra brincasse de ser poeta. (luiz otavio) precisamos dar mais valor a produção literária nas escolas. Enviada em 01/05/2004.

CARMEM SPOTTI: Moro em Roraima há anos, mas nasci e estudei em Santa Vitória do Palmar - RS. Creio que devo as minhas lembranças e a vontade de ser professora à Escola Manoel Vicente do Amaral, onde cursei do jardim a 8ª série. Até hoje, quando retorno à minha terra natal e passo pela velha escola, escuto os risos e a bagunça da criançada. Lembro-me principalmente da diretora Profª Suely, muito rígida, mas muito amiga. Ao entrar na escola, as pessoas ficam a me observar e estranharem ver uma senhora a passear pelos corredores, tocando nas paredes meio sorrindo e meio chorando de saudades. (...) Enviada em 08/03/2004.

JANDIRA GUALBERTO DOS REIS: Sou professora, hoje Mestra em Educação, e, nesse meu caminhar, a lembrança de meus professores e de minhas professoras estiveram sempre presentes em mim. Foram todas muito especiais, mas, dentre eles/as, elejo a senhora Adyr de Souza Velloso como aquela que maior influência teve em meu aprendizado. Ela foi minha professoras no primário e foi a primeira pessoa a me ensinar a importância em se acreditar em nós mesmos/as e em nossa capacidade de realizar. Enviada em 08/03/2004.

ANA MARIA CARROCINI: As lembranças da minha escola são extremamente emocionantes para mim. Era uma escola rural que hoje já nao existe mais. Eu e mais 2 irmaos: Luis Carlos e Joao Carlos éramos acordados as 6h da manhã pela nossa amada mãe, que nos servia um café delicioso e daí era uma longa caminhada: 4km à pé, mas nossos amigos passavam perto de casa e gritava p/ que fossemos juntos...entao ia aos poucos nos juntando até a escola. Chegando lá a professora Dona Satiko nos recebia com muito amor e, se chovia, ela nos levava de volta para casa de carro, um a um. Na sala era uma festa e aos poucos ela nos ensinava, com amor, todas as liçoes.
Tínhamos uma horta onde cada dia um regava e no intervalo a gente limpava a classe, varria e cuidava das plantas..ahhh e também um pouco antes do recreio ela escolhia dois alunos que esquentavam a sopa e depois lavavam as louças. Não havia indisciplina nem tristeza, só o amor, a dediçao dela por nós e a amizade, fazia parte de nossas vidas.
Quantas saudades...velhos tempos.... Enviada em 05/03/2004.

ELISABETE RIBEIRO DE CARVALHO: Tenho muitas saudades dos tempos da "minha" Escola Maranhão, no Bairro de Terra Nova, bem Pertinho do Engenho da Rainha. Lá, havia um clima sedutor ... Fui aluna padrão e monitora de turma. Ganhei vários concursos, várias premiações por participar dos eventos nos quais a Escola se envolvia. Ganhei até um concurso de redação do antigo "Correio da Manhã" recebendo a premiação ( livros ) numa linda festa realizada no auditório da Escola, com a presença dos jornalistas que formaram o júri. Foi um tempo de construção de conhecimento e D.Marisa, D.Lucy e D. Luzia marcaram a minha vida, sendo modelos de educadoras. Até tentei seguir outra carreira, mas deixei as pranchetas e o nanquim para seguir o que de melhor eu saberia fazer: dar aulas.´ No Município já fui professora, ouvidora de CIEP, elemento de CRE, Coordenadora e atualmente Diretora-adjunta. Amo o que faço e tenho o maior orgulho em ser professora. Passo para os alunos o amor que tenho pela nossa escola e me alegro ao ver que muitos deles também a amam. Faço a minha parte dando o melhor de mim, mas a minha essência vem das oportunidades que tive na Escola Primária, lindos anos de minha vida. Enviada em 03/03/2004.

LILA ELOY: O fato que marcou minha trajetoria de vida foi a minha primeira série, onde uma professora quase menina me ensinou, mais do que qualquer filósofo, Lei Educacional ou educador do século XXI, que a educação e o ensinar e aprender estão ligados ao amor. Nise, o nome da grande mestra em minha vida, espelho de todo meu caminhar, nos meus mais de 30 anos de magistério, é exemplo que uso até hoje nas aulas que ministro no curso de pedagogia. O amor ao magistério e ao próximo foi a marca registrada de minha pequena grande mestra, com quem sonhei durante toda minha trajetória enquanto aluna e na minha vida como profissional. Sou professora aposentada da rede pública, onde exerci várias funções: professora de pré-escola, do ensino fundamental e do curso de magistério, diretora, supervisora de escola e atualmente coordenadora do curso de pedagogia. Nesses anos todos tentei ser uma Nise e, provavelmente, formei muitas "Nises" que com certeza contribuem para que a educação de nosso país seja um exercício praseiroso e humanizador. Enviada em 21/02/2004.

GISELLY: Minhas lembranças são tão boas que decidi tornar-me uma professora. Os professores que tive ao longo da minha vida escolar foram muito bons, dedicados, amigos, etc. Por causa deles, hoje, também quero dar aulas e ser, no mínimo, igual a eles. Enviada em 09/02/2004.

MARIA DOS PASSOS SILVA: Saudade - palavra que só existe em nossa língua. Sinto saudade,saudade de tudo.Sinto saudade de vc, querida Auricléia, minha professora querida. Depois de vc, muitos professores passaram por minha vida, mas nenhum foi como vc."Que saudades da professorinha/ a que me ensinou o bê-a-bá... Será por isso que me tornei professora? Não sei, mas não serei ingrata. A todos tenho o que agradecer, pois todos deixaram um pouco de suas vidas em minha vida, todos mudaram meu espírito, todos me fizeram o que sou hoje e eu os amo profundamente. A todos meu abraço carinhoso. Eu só peço a Deus que um dia meus alunos possam lembrar de mim como eu lembro de meus professores queridos. Para todos um beijo cheio de saudade. Enviada em 03/02/2004.

HILDA BORGES BARRO: AComo tenho lembranças! As salas de aula em que estudava eram em lugares diferentes, pois o colégio não tinha prédio. Estudei em sala improvisada num espaço que era de um bar, onde sempre que chovia forte ela inundava, ou, às vezes era invadida por cavalos, cachorros, galinhas, etc. Outra sala era na casa de uma professora que não media esforços para que aprendêssemos. Outra era numa igrejinha antiga, que tínhamos de tomar um cuidado tremendo para não cairmos nos buracos do assoalho. Por mais que pareça assustador, foi uma época mágica em minha vida. Hoje, sou a diretora do colégio, que já possui prédio próprio que alívio! Enviada em 18/01/2004.

MARLI TAMIAZI HUNGARO: Tenho muitas lembranças da escola, desde o 1º ano até a 8ª série, mas o que mais me faz sentir saudades são as aulas de Português, no ginásio, que eram ministradas pela professora Maria Cristina, na Escola Estadual Maria Trujillo Torloni. Foi nessa época que nasceu o meu prazer pela leitura. Essa professora despertava o encanto de se desvendar as mensagens dos livros, textos, e principalmente poesias. (...) Assim passei a adorar a leitura e a escrever com mais facilidade. Sinto que hoje as escolas não estão dando tanta importância a isso, é realmente uma pena! Enviada em 16/01/2004.

VERONICA M.S: Lembro-me bem,os professores eram apaixonados por sua sala,seus alunos, sua função.Não generalizando. Mas fico trite com muitos que andam fazendo bico na educação. Enviada em 01/01/2004.

JOSÉ DE RIBAMAR DOS SANTOS PEREIRA: Fiz o ciclo ginasial na Escola Municipal Alberto Pinheiro, em São Luís - MA. A professora Lourdes, de Língua Portuguesa, marcou-me profundamente por suas mensagens de incentivo à luta. Contando a situação social dos seus alunos. Suas palavras me mostraram que é preciso ter determinação para crescer profissionalmente, como me incentivaram a gostar do nosso idioma. isto se deve à maravilhosa Mestra da minha adolescência. Um abraço, onde quer que esteja. Enviada em 30/12/2003.

LUIZ DANIEL A. DIAS: Lembrar da escola é algo que causa nostalgia, alegria e sonhos, muitos sonhos de infância.Recordo-me que aqui em Fortaleza o Colégio 7 de Setembro representava o símbolo do rigor em educação e quando vestia aquela farda na qual estava escrito no peito "sabidinho" sentia-me orgulhoso de poder estudar lá.Nossas"tias" ainda estão bem vivas em minha memória, a vida na escola fuía de modo deslumbrante em minha cabeça e todos os dias voltava para casa dizendo silenciosamente para mim mesmo: "um dia pretendo lecionar". Hoje,transcorridos 27 anos estou aqui lecionando, não mais no colégio 7 de Setembro, mas na Faculdade 7 de Setembro, orgulho maior na minha vida profissional. Dedico essa minha lembrança a todos aqueles que um dia sonharam em lecionar na escola na qual estudaram para a vida. Enviada em 29/12/2003.

AMARISIA BARRETO SILVA: Era meu primeiro dia de aula. Minha mãe me levou e estava fascinada pelo mundo das letras. Porém era minha primeira experiência longe da minha mãe. Ao perceber sua ausência, comecei a chorar. Foi neste momento, assim como em tantos outros momentos, que recebi o apoio e o carinho da professora da quarta série, que vinha sempre me dizer palavras acolhedoras e confortáveis. Acredito que o trabalho que realizo como professora de educação infantil , tem reflexo deste aprendizado. E jamais irei esquecer , dos belos momentos que vivi, nesta escola. As cantigas de roda, era minha brincadeira preferida, porque eu podia pegar na sua mão. Estas mãos que me conduziram a trilhar um caminho na educação. Esta professora, não chegou ser a minha professora, mas ela é responsável, por eu ser hoje, formada em pedagogia com especialização em educação infantil e amar o que faço. Enviada em 29/12/2003.

ZELIA MARIA WALTRICH: Na minha época, a gente não tinha merenda escolar. Eu andava quilômetros para ir à escola. Minha professora era muito autoritária. Aprendi muito porque adorava estudar, mas não era fácil, pois nem podíamos olhar sequer para o lado, que ganhávamos reguada. Não posso dizer que tenho boas recordações de minha escola. Enviada em 27/12/2003.

SAYUKI YAMAOKA: Lembro dos esforços que meu pai fazia para minha caminhada a escola José Cândido, em Araçatuba - Estado de São Paulo. A bolsa que eu carregava era comprida e quase arrastava no chão, mas o orgulho de estar indo para escola era muito grande, uniforme limpo, passadinho. Apesar das dificuldades financeiras de meus pais, lá ia eu, feliz e satisfeito. O momento mais gratificante de minha vida foi quando utilizei caneta à tinta. Sujava os dedos, para que todos vissem que eu estava escrevendo à caneta tinteiro, aquela que colocávamos uma pena na ponta. Na própria carteira havia um tinteiro. (...) Enviada em 26/12/2003.

REJANE ALVES: Dentre as lembranças mais doces que trago da infância esta a recordação do dia em que li sozinha o nome da minha primeira escola: Colégio São Francisco de Assis. A professora Dona Lourdes reunia um grupo de crianças no pequeno quintal de sua casa no bairro das Quintas em Natal/RN. Ela me ensinou a ler e a escrever aos 5 anos de idade. Quando mais tarde ingressei na Escola Heloisa Duque Estrada na primeira serie em 1977 já dominava a cartilha de cabo-a-rabo, para o orgulho de meus pais que não tiveram a oportunidade de freqüentar a escola nas suas respectivas infâncias. O Colégio São Francisco de Assis na pessoa de sua única "funcionaria" D. Lourdes introduziu boa parte das crianças da localidade ao mundo das letras. Não era uma escola publica,provavelmente não contava com nenhum tipo de apoio oficial, era apenas a dedicação de uma mulher que nos lia estórias, cantava musicas e nos fazia reescrever inúmeras vezes nosso nome completo. Para D. Lourdes todo o carinho e respeito de minha recordação. Enviada em 26/12/2003.

SANDRA SUELY DOS SANTOS FRANCISCO: Lembranças da escola? hum... as maravilhosas aulas de História da profa. Venize ministrava no Colégio Pedro Amazonas Pedroso. Eram aulas saborosas, contextualizadas que permitiam a reflexão do cotidiano. A profa., sempre dinâmica, nos levava a fazer uma longa viagem na história onde tínhamos oportunidade de fazer perguntas (que naquele tempo, em 1977, não era tão comum). Aprendi muito com ela e isso por certo influenciou na minha escolha profissional, aliado as belas Histórias de Contos de Fadas que minha avó Líbia contava. Enviada em 25/12/2003.

ROSAURA DE SOUZA SANTOS: Professora Esmeralda Helena ( Vovozinha) por onde andará? Passou pela baixada fluminense orientando alunos e familiares mas sem colher os louros de seu anônimo trabalho. Onde estiver Vovozinha saiba que os seu alunos de Duque de Caxias nunca esqueceram da Mestra dos mestres. Deus te abençoe ( carentes de 19e alguns anos da Baixada Fluminense) Enviada em 25/12/2003.

GILSIMARA CAETANO COSTA: Escola Municipal Pedro Lessa -Situada à Rua Adail - Bonsuceso RJ-RJ Na minha memória estão bem vivas as brincadeiras entre as árvores do colégio. A preferida era pique , onde nem se sabia que existia o tempo, pois era tão gostoso brincar na escola. A sala de aula era uma festa onde o conhecimento era digerido com o maior prazer. Como era gostoso estudar naquela escola . Lembro dos amigos Alice , Nadya, etc, das professoras dona Célia Regina, Solange, Terezinha, Leticia, Angélica e Sara, que com o maior carinho nos ensinavam os tais conteúdos. Tenho esses conteúdos fresquinhos dentro de mim, até hoje. Hum consigo sentir o cheiro e o barulho da minha Escola Pedro Lessa. Enviada em 25/12/2003.

SAULO: SÓ TENHO BOAS RECORDAÇÕES DO TEMPO DE ENSINO MÉDIO. Enviada em, 23/12/2003.

PEDRO FERREIRA DE FREITAS: Tenho saudades da Escola Dom Bosco em Campo Grande no Mato Grosso do Sul. Professor Arlindão nos fazia decorar o poema de Castro Alves chamado Vozes D´Africa. Até hoje eu sei recitar aquele poema. Tinha a professora Glorinha que dava interpretação de textos uma vez por semana. Foi ali com aqueles professores que eu comecei a ver o mundo diferente. Depois eu estudei em muitos outros lugares, faculdades, congressos, etc.... Hoje acho que um bom começo, com bons professores foi talvez a coisa mais importante da minha vida de estudos. Tenho saudades sim. Enviada em 23/12/2003.

ABSS: Sou mais uma daquelas professoras que foram alfabetizadas com a cartilha Caminho Suave. Bendita Caminho Suave! Sempre com ajuda de minha mãe ia juntando as vogais e logo após as sílabas...ba-ba, be-bê... e assim, soletrando, silabando, iniciei meu processo de alfabetização, talvez um tanto arcaico hoje. Mas foi por meio deste método antiquado que cheguei até aqui, sendo que, durante minha passagem pelas séries seguintes, escrevia sempre com perfeição, sem erros ortográficos e leitura fluente. O que será que acontece hoje com as novas técnicas de alfabetização? Enviada em 23/12/2003.

AJ: (...) Foi o professor de História em Iguatu, quando estava cursando o segundo ano do ginásio, o Dr. Mandu Olanda. Foi um professor que ensinou muita coisa e os alunos não entenderam porque ele foi preso e nunca mais tiveram notícias dele. Hoje depois de muito tempo é que veio entender o que aconteceu com ele. O professor Mandu ensinava muitas coisas relacionadas com a vida. Ele parava a aula mais cedo e ficava ensinando essas coisas, algo que nenhum outro professor fazia. Muito do que ele falava veio a aprender apenas no Madureza quando então passou a existir OSPB. Esse professor era o único que quebrava a regra e algumas vezes fechava a porta da sala de aula falando aos alunos que ficassem a vontade, apenas pedindo silêncio para que ele não fosse prejudicado. Aos domingos, os alunos iam se encontrar com ele, em sua casa, para poder mostrar revistas e jornais que os alunos não tinham acesso. (...). O professor incentivava que os alunos ouvissem a Voz do Brasil, para que praticassem seu senso crítico em relação aos atos do governo. Enviada em 04/11/2003.

ASU:Minha lembrança mais forte é o padre Domingos, do 1º atrasado, eu tinha dificuldades em aprender as 5 vogais, levei 3 meses e rasguei 3 cartilhas para decorá-las. Aprendi a tabuada de 0 a 9 mas não conseguia as 5 vogais, desenhava-as, mas não sabia qual era a letra quando mudava de lugar. E o padre Domingos nunca me advertiu, apenas tentava me ajudar com muita paciência”. Enviada em 04/11/2003.